por Collectivus
Já é antiga a idéia de que a leitura de literatura contribui para o bem-estar do individuo e da sociedade. O contato com os livros de diversos lugares e períodos históricos amplia a visão de mundo e propicia uma cultura de valorização da diversidade; favorece a aquisição de conhecimentos e aprendizagens, ampliando o repertório cultural do indivíduo; permite ao sujeito conhecer-se a si mesmo e sua própria cultura, percebendo-se como ser histórico, que mantém conexões com o passado e que é capaz de intervir modificando o futuro.
Michele Petit, em seu livro “A arte de ler ou como resistir à adversidade" (São Paulo: Editora 34, 2009) apresenta uma extensa pesquisa sobre experiências de leitura que ajudaram na sobrevivência psíquica diante das adversidades que se colocavam como a guerra, o afastamento familiar , a marginalização econômica. Trata-se do poder de simbolizar e “resolver” problemas de ordem psíquica que a literatura, assim como outras linguagens artísticas, possui. A fantasia e o devaneio produzidos no encontro com o livro interferem na construção de identidades e contribui com a criação de espaços psíquicos potentes para o “enfrentamento” da vida.
Todos esses argumentos têm interferido na implantação de bibliotecas e salas de leitura em equipamentos educacionais e culturais de todo Brasil, nos últimos anos. Uma série de projetos e prêmios surgem da iniciativa dos Governos e das empresas comprometidas com a responsabilidade social. Ao mesmo tempo, cresce a indústria editorial brasileira, em especial a literatura para crianças e jovens.
No entanto, percebe-se que a existência de bibliotecas, por si só, não favorece a formação de leitores. O acesso de crianças e adolescentes à literatura continua sendo um desafio que se contrapõe com a idéia de que a geração dos computadores e vídeo games não se interessa por livros.
Experiências de socialização da leitura, em espaços democráticos, gratuitos - no sentido da não imposição de um único entendimento sobre a narrativa ou de um dever após à leitura - associados à ludicidade e possibilidade de expressão e criação desmentem tal idéia.
Quando crianças e adolescentes participam de situações denominadas de mediação de leitura têm mais possibilidades de se tornarem leitores. Nesta perspectiva metodológica, o desejo é mobilizado pelos encontros que se dão entre criança – mediador – acervo. A figura do mediador de leitura e sua disponibilidade para diferentes acessos às narrativas, promovem uma outra história de acesso à literatura . Há de se considerar ainda, que diante da diversidade de uma vasta produção de literatura infantil e juvenil, o mediador precisa saber identificar e construir critérios de qualidade, para que assim possam oferecer ao seu público o que de melhor há neste universo.
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